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domingo, 30 de maio de 2010

Pagu!!


Sua importância cultural na cidade de Santos foi tão grande que foi fundadora da Associação dos Jornalistas Profissionais de Santos, e a primeira presidente da União de Teatro Amador de Santos. Investindo na cidade, ela trouxe mais de 1200 participantes para o 2º Festival de Teatro Amador e traduziu para o teatro a peça de Ionesco, "A cantora careca". Dirigiu e também traduziu a peça de Arrabal "Fango e Lis" (59) com um grupo amador (essa peça teve estréia mundial em Santos, sendo vista até em Paris), ficando mais de dez anos em cartaz. Incentivou o teatro amador, fez campanha para a construção do Teatro Municipal (instalado hoje no Centro de Cultura que leva seu nome), traduziu e dirigiu teatro de vanguarda; fundou a Associação dos Jornalistas Profissionais e a União do Teatro Amador, que revelou tantos artistas depois consagrados em teatro e televisão. Foi como o palhaço de circo Frajola que Plínio Marcos conheceu Pagu, e foi ela quem incentivou o nascimento do dramaturgo. Dono de uma linguagem crua, a única que conhecia, e de uma densa carga dramática, apresentou a ela o texto de "Barrela". Em uma época em que dizer palavrão em público podia ser considerado um ato ofensivo, era praticamente impossível apresentar uma peça que tratava de estupro e códigos de conduta dentro de uma cela. Tanto que, logo após a primeira exibição, em 1959, "Barrela" foi premiada e censurada em seguida. Para Plínio Marcos, Pagu era um "anjo anárquico que veio ao mundo para nos inquietar". Claudio e Sergio Mamberti também foram fisgados para o teatro por Pagu, que andava pela cidade divulgando obras de anarquistas como Arrabal, Claudio, ainda adolescente. Aliás foi com uma das peças de Arrabal, Cemitério de Automóveis, que o teatro de vanguarda assumiu sua maioridade no Brasil. Cláudio, claro, estava com o elenco que viajou com a peça para Cascais, Portugal, em 1973. Em 1949, com um tiro na cabeça, Pagu tenta o suicídio. Escreve sobre isso em Verdade e Liberdade, panfleto de 1950: “Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas”. Em fins de setembro de 1962, viaja para Paris, na intenção de submeter-se a uma intervenção cirúrgica com o professor Dubosc, do Hospital Laennec. A cirurgia não apresenta grandes resultados, o que leva Pagu a tentar novamente o suicídio. Nos últimos anos de vida, apesar de trabalhar incansavelmente pela cultura, começa a beber de forma compulsiva. Suas roupas ficam surradas, escuras e fora de moda. Seus cabelos viviam despenteados, seu olhar era angustiado, cansado, vago..."Nada, nada, nada. Nada mais do que nada. Abrir meu abraço aos amigos de sempre. Poetas compareceram, alguns escritores, gente de teatro, birutas no aeroporto. E nada." Foi seu último texto, datado em 23 de setembro de 62, antes de viajar para Paris. Precisava ser operada, o câncer a perseguia. Sem sucesso, volta para o Brasil. Três meses depois, seu coração para; ele não mora mais aqui, seguiu outra trilha onde possa encontrar seres que a entendam e a ajudem encontrar o sentido da LIBERDADE. E para quem a admirar, a mensagem que resume seu destino: "O escritor da aventura não teme a aprovação ou a renovação dos leitores. É-lhe indiferente que haja ou não, da parte dos críticos, uma compreensão suficiente. O que lhe importa é abrir novos caminhos à arte, é enriquecer a literatura com gérmens que venham a fecundar a literatura dos próximos cem anos".


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