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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pagu!!!


MULHER-MENINA - Nele, observa-se uma mulher-menina, na exuberância de sua juventude e vitalidade. Ela apresenta paisagens e cenários de São Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Itanhaém, Bahia, Espírito Santo, além de outros não identificados. A coleção inclui ainda uma representação despojada de Jesus, Maria e José.




“Dentro desta mulher, longe de condicionamentos e repressões estéticas, literárias, sexuais, sociais e culturais, topamos com a leveza dos traços, quase infantis, característicos de uma Arte Moderna, que retratam a sensibilidade de sua alma”, destaca Lúcia. “A paródia, encontraríamos depois em seu Álbum de Pagu, também de 1929. Essas duas produções têm como autora uma mulher-menina, integrada na natureza, que solta papagaios, volta para casa sem batom e tem fome de futuro”, exulta Lúcia.



Ambas produções pertencem ao mesmo período, no qual Patrícia Galvão emerge no Modernismo brasileiro, mais precisamente na Antropofagia, sob a influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. O “Álbum de Pagu – Vida, Paixão e Morte”, a autora dedicou a Tarsila, em poder de quem ele permaneceu por muitos anos, até que fosse descoberto. O Álbum reúne “poemas ilustrados” em seqüência, com 28 páginas numeradas (cada desenho ocupa uma página), das quais 15 são apresentadas nesta exposição.



O trabalho de Pagu exibe uma linguagem atrevida para o seu tempo e até hoje é pleno de provocação. Carregado de malícia e sensualidade, integra poesia, prosa e legenda, com todo universo visual moderno dos quadrinhos, dos anúncios, das charges e do cinema.



Lúcia enfatiza que, além do Álbum, “acrescentamos outro testemunho das atividades de Pagu como desenhista e de forte admiração que nutria por Tarsila: um bico-de-pena no qual retrata esta pintora, e que ilustrou a entrevista concedida por Pagu à Revista Para todos (03/08/1929). Partindo do auto-retrato de Tarsila, Pagu a desenha em forma de quase caricatura, cheia de graça, destacando cabelos – pestanas – boca – brincos”.



Já o Caderno reúne 22 desenhos, a maioria dos quais possui legendas do próprio punho de Pagu; na capa, com papel timbrado da Antiga Casa Cavalier – Desenho e Pintura- , já amarelado pelo tempo, o título manuscrito por ela, tendo a indicação da data: agosto de 1929.

A forte amizade com o casal Tarsiwaldo havia se iniciado em maio de 1929. Quando Pagu viaja para a Bahia (ocasião retratada em um desses croquis), Oswald não resiste à saudade e vai ao seu encontro. Ao voltar da viagem, separa-se definitivamente de Tarsila.



Esses desenhos surgem ao lado de acontecimentos promissores da existência de Patrícia, na gestação de muitos projetos: o início da vida com Oswald, de sua produção artística, literária, jornalística, de sua militância política e o nascimento de seu filho com Oswald, Rudá.



FOTOS - A exposição tem ainda algumas fotos de Patrícia, que, conforme explicação de Lúcia, não têm o intuito de representar todos os momentos de sua vida, “até porque estamos nos referindo à parte de sua produção de desenhos de estréia. Todas, porém, retratam uma vida com disposição de navegar contra a corrente, munida de condições raras: espírito de aventura, coragem, perseverança e paixão, muita paixão”.



Duas dessas fotos Patrícia fez questão de legendar, brindando-nos com seu espírito que desafia as convenções. Em foto em que aparece de casaco de pele, de 1929, faz referência à sua mãe: “Dª Adélia queria eu vestida”. Na outra, em que posa ao lado de Oswald e o filho Rudá, de 1931, parodia canção religiosa: “No céu, no céu, com minha mãe estarei”.



Segundo Lúcia, a revelação desse Caderno, 75 anos depois de ter sido elaborado, pode recuperar uma promessa quase perdida, que ficou cuidadosamente embalada, acalentada no passado e que não podemos deixar se perder, novamente esquecida. Transforma o passado, porque este assume uma forma nova, que poderia ter desaparecido no esquecimento, e pode transformar também o presente, se este se revelar a realização possível daquilo que foi sonhado.



Com ele, mais uma das muitas facetas de Pagu vem à tona. Perseguida, na clandestinidade, durante sua vida assinou seus trabalhos sob os mais diferentes nomes. Embora no final da existência detestasse ser chamada de Pagu, nome que parecia querer esquecer, é assim que ela é, até hoje, mais conhecida e admirada.





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